O Projeto TurmaMais nasce da constatação de que há turmas que não conseguem promover ambientes promotores de aprendizagens, apesar de todo o trabalho desenvolvido pelas equipas educativas docentes.

Sendo a constituição das turmas sujeitas ao cumprimento dos normativos legais que lhes conferem tamanho e determinado grau de heterogeneidade verifica-se que, quando o funcionamento das mesmas não permite um trabalho de qualidade de alunos e docentes, há praticamente uma impossibilidade em alterar a sua composição no decorrer do ano letivo.

Na tentativa de resolução dos problemas de insucesso, no 7º ano de escolaridade, verificados no início da primeira década do século XXI, na Escola Secundária/3 da Rainha Santa Isabel de Estremoz, constatou-se que o trabalho colaborativo e sistemático entre docentes e o recurso a variados tipos de apoio educativo não foram suficiente para aumentar os níveis de sucesso escolar pretendidos.

Decidiu-se, então, intervir, de modo criterioso na composição das turmas iniciais de alunos, ao mesmo tempo que se arquitectava um modelo de rotação de alunos entre a sua turma de origem e uma turma a mais, criada com o objetivo de servir de plataforma. Este é o pressuposto que cria a TurmaMais, pela qual passam todos os alunos das diferentes turmas de origem, em agrupamentos temporários e rigorosamente constituídos. As ideias base desse reagrupamento prendem-se com aspectos que possibilitem a qualidade das aprendizagens permitindo a criação de grupo com interrelações sociais positivas e com interesses académicos algo semelhantes.

Tendo como grande objetivo gerar expectativas positivas em todos os membros da comunidade escolar (pais, alunos e docentes) o projeto alicerça-se na valorização dos saberes dos alunos excelentes, muito bons e bons, por forma a que os demais se sintam também motivados pelo trabalho em sala de aula. Por esta razão, os melhores alunos são primeiramente convidados à frequência temporária (meio período letivo) da TurmaMais, sendo os restantes alunos convidados à frequência deste mesmo espaço de apoio na segunda parte dos dois primeiros períodos e durante todo o terceiro período.

Partimos do pressuposto que todos os alunos têm direito a saber mais. Os melhores alunos da turma têm direito a ver potenciados os seus ritmos de aprendizagem e valorizados e aprofundados os seus saberes, do mesmo modo que os alunos com mais dificuldades. Mesmo um excelente aluno terá sempre muito a aprender num ambiente favorável ao seu maior progresso intelectual. O projeto TurmaMais recusa a ideia de que o apoio deve apenas ser dado ao aluno com dificuldades de aprendizagem. Esse é o seu traço distintivo face aos restantes projetos de combate ao insucesso escolar.

Bibliografia de apoio

• Cruz, T. (2008). Diversificar Meios e Conteúdos Educativos para melhorar o Sucesso in A Escola Face à Diversidade: Percepções, Práticas e Perspectivas, Revista Seminários e Colóquios, Conselho Nacional de Educação, pp.73-80
• Magro-C, T. e Fateixa, J. (2010). Relatório Anual da Equipa de Acompanhamento das Escolas com Tipologia TurmaMais – Ano Lectivo 2009/10. Estremoz: não editado.
• Magro-C, T. e Fateixa, J. (2011). Relatório Anual da Equipa de Acompanhamento das Escolas com Tipologia TurmaMais – Ano Lectivo 2010/11. Estremoz: não editado.
• Magro-C, T. (2010). Relatório Projecto TurmaMais – ano letivo 2009-2010, Escola Secundária/3 da Rainha Santa Isabel. Estremoz: Não Editado
• Magro-C, T. (2010). Relatório Projecto TurmaMais – ano letivo 2009-2010, Escola Secundária/3 da Rainha Santa Isabel. Estremoz: Não Editado.
• ME (2009). Boletim dos Professores, n.º 15, Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
• Verdasca, J., Cruz, T. (2006). O projecto TurmaMais: dialogando em torno de uma experiência de combate ao insucesso e abandono escolares. Revista Portuguesa de Investigação Educacional. Universidade Católica Portuguesa, 5, Lisboa: Universidade Católica Editora, pp. 113-127.
• Verdasca, J. (2008). TurmaMais: uma tecnologia organizacional para a promoção do sucesso escolar. In: Manuel Villaverde Cabral (org.), Conferência Internacional “sucesso e insucesso: escola, economia e sociedade”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp.139-176.
• Verdasca, J. (2009). O projeto TurmaMais: reagrupar sem segregar e melhorar resultados. Revista Noesis. Lisboa: DGIDC-ME, no 78, Julho-Setembro, pp. 32-35.