Estratégias de trabalho com alunos de etnia cigana

O contexto que hoje vivemos na nossa Escola tem uma história e ela é o resultado de um trabalho que, ao longo de quatro anos, tem vindo a ser feito.
Consistiu em transformar um espaço de desencontros num espaço de encontros, um tempo de horários escolares rígidos e exclusivamente curriculares num tempo onde as aprendizagens informais, lúdicas e não curriculares contribuem para o sentido das aprendizagens formais, um clima de agressividade e violência num clima de serena intensidade.
Fomos tomando consciência que as actividades, iniciativas e estratégias utilizadas, e que serão referidas na nossa apresentação, não valem apenas por si próprias, embora sejam matéria essencial. Com efeito, recorrendo a uma metáfora, é como “abrir uma porta fechada”; para o fazer os gonzos da porta são cruciais mas sem uma força impulsionadora, a porta não se abrirá.
Que força é esta no contexto escolar? É a que resulta da interacção entre os pares essenciais que servem e acompanham a criança: a família, os docentes, os técnicos e os assistentes operacionais. O seu sentido de abertura é a resposta a três questões fundamentais: Com que veneração recebemos as crianças? Como cuidamos delas enquanto estão connosco? Como as preparamos para partirem em Liberdade?
Mas, no nosso contexto, o que aplicamos às crianças também o fazemos com os adultos. Assim o que temos vindo a aprender é uma espécie de deambulação constante à volta do Respeito por cada um, da Escuta cardíaca do Outro, da Comunicação clara e sintonizada, de “sete vezes Cair e oito vezes Levantar”. Só deste modo nos mantemos unidos para caminhar na mesma direcção, juntos. Sem este clima, sem este sopro, que na criança corresponde ao sopro da criança que aprende, nada de significativo e relevante acontecerá por mais ideias, actividades e recursos que nos sejam proporcionados.
E quando as tempestades institucionais acontecem e o mérito é destruído através da aplicação de medidas normalizadoras e falsamente igualitárias, temos de inventar cadeias de união que sejam couraças de sobrevivência ou ter a coragem de empreender uma Digna Retirada.
No entanto sempre nos interrogaremos como prosseguir, em liberdade, o que até hoje foi alcançado por adultos e crianças num contexto escolar de encontro Intercultural.

 

Bibliografia de apoio

  • Apresentação usada na conferência
  • MONTENEGRO, Mirna – “Aprendendo com ciganos / Processos de Ecoformação” – EDUCA – Formação
  • FERRAZ, Marceli – “Terapias Expressivas Integradas, 1º volume” – Tuttirev Editores